terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Ao som da sétima trombeta - Jorge de Lima


AO SOM DA SETIMA TROMBETA

E ao som da setima trombeta
os tuneis se afundaram.
E as grandes locomotivas
gordas e asseiadas
que passeavam
pelas gares maternais
viajando de cidade em cidade
rolaram no vale.
E os cruzadores possantes
se afundaram para sempre
no mar raso.
Os espiritos imundos subiram
para o ar semelhantes a rãs
martirizando os mercadores
que se fizeram onipotentes
no excesso de suas iniquidades.
E o mar ofereceu ao juiz
todos os seus mortos,
todos os seus afogados,
todos os seus suicidas,
todos os seus herois.
E a terra e o inferno
mandaram ao grande juizo
todos os seus espiritos.
Anjos que tendes poder sobre o fogo
livrai-me da chuva de cinza e de enxofre.
Trompas tocai
para que eu não ouça
os perigosos convites.
Eu desejo apenas
o Grande Espirito
de pés de latão derretido
e de cabelos de nuvem.
Quero olhos para vê-lo,
quer voz para louvá-lo
per omnia secula seculorum.

- Jorge de Lima

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