Tu és Pedro!
por Dom Henrique Soares (via Facebook)
Na Solenidade de São Pedro e São Paulo, a Igreja dispersa pelo mundo inteiro une-se à Igreja de Deus que está em Roma para celebrar a solene comemoração do martírio dos dois santos Apóstolos, que deram seu último e pleno testemunho de Cristo, derramando seu sangue em Roma.
Esta celebração em honra dos Santos Apóstolos dá-nos a oportunidade para recordar a missão do Sucessor de Pedro na Igreja de Cristo.
O Papa, como vigário de Cristo e Sucessor de Pedro na Igreja, é o sinal visível da comunhão de todos os discípulos do Senhor na mesma fé e na mesma caridade, de modo que, com ele, todos cristãos, os fiéis e os pastores, devem estar em comunhão plena, sincera, leal e visível.
É importante compreender que tal comunhão não significa simpatia ou concordância com todas as suas ideias pessoais. É algo muito mais profundo: trata-se de uma sincera e respeitosa atitude de fé, que faz o verdadeiro católico ter consciência que sucessor de Pedro é aquele que a providência divina colocou à frente da Igreja de Cristo e, como pastor e sinal visível da unidade, é necessário estar em comunhão na mesma fé católica da qual ele é o primeiro guardião, juntamente com o Colégio Episcopal.
Do mesmo modo, todas as Igrejas locais, isto é, todas as dioceses, devem estar em comunhão com a Igreja de Pedro, que é a Igreja (diocese) de Roma, que tem o Papa como seu Bispo.
Foi em Roma que Pedro, que era o Bispo daquela Igreja, deu o seu último e decisivo testemunho de Cristo, por volta do ano 64 da nossa era, derramando seu sangue pelo Senhor, cravado, também ele, numa cruz.
É comovente: o majestoso altar no qual o Papa celebra as Missas mais solenes na Basílica de São Pedro, é chamado Altar da Confissão. Ali, bem ali, metros abaixo, está sepultado Pedro! Ali, o Apóstolo confessou de modo perfeito, com seu sangue, que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus!
Missão de Pedro, missão de seus Sucessores: testemunhar com a palavra e a vida que Jesus é o Cristo de Deus, testemunhando fielmente a perene fé católica e apostólica. Os passos do Papa, como aqueles de Pedro, não devem nunca orientar-se pelo mais fácil, mas pelo testemunho fiel, até o sofrimento, até o derramamento de sangue...
O Papa não é um administrador e não tem um programa de governo ou um cronograma de atividades. Ele é uma testemunha: testemunha a fé da Igreja, expressa pelo Apóstolo Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo! Só tu tens palavras de Vida eterna!” Este serviço na Comunidade eclesial existe por vontade do próprio Senhor Jesus Cristo, de modo que não poderia jamais ser criado ou cancelado pela Igreja.
Sim, com certeza certa: por expressa e clara vontade de Cristo, a Igreja tem como cabeça visível o Papa!
Esse ministério petrino não é uma monarquia absoluta, nos moldes dos reis e governantes deste mundo.
O Papa não é o que manda; é o que serve à unidade da fé e do amor. Antes de ser obedecido, ele é o primeiro a obedecer Àquele que Se fez obediente até a morte.
Certamente, ele tem a autoridade que lhe foi conferida por Cristo para ligar e desligar, isto é, para admitir e excluir da Comunidade da Igreja, para punir e suspender a punição. Tem também a autoridade suprema de ensinar em Nome e com a autoridade de Cristo. No entanto, é importante que tudo isso seja compreendido como um serviço, com o objetivo de manter a Igreja toda unida na fidelidade à mesma fé apostólica e à mesma caridade que o Espírito de Cristo derramou sobre a Igreja do Senhor.
Do mesmo modo que seria um erro ver no Papa um ditador ou um monarca absoluto que faz o quem bem quiser como se fosse dono da Igreja, também seria um grave engano ver nele um líder democrático que somente poderia agir de acordo com a maioria e suas palavras, ensinamentos e decisões somente teriam valor se aprovados pelos membros da Mãe católica.
Nunca foi isso que os cristãos creram, pensaram, viveram ou ensinaram! Na Igreja, a autoridade não provém do rebanho, mas do Pastor, Jesus Cristo: “Quem vos ouve, a Mim ouve”. É Ele Quem escolhe e chama, conferindo autoridade aos que escolheu.
A atitude correta de um verdadeiro católico para com o Santo Padre é aquela de sentimento filial, de reverência consciente e madura e de atenção fiel aos seus ensinamentos, mesmo que não sejam infalíveis.
Mais ainda: quando o Papa ensina de modo solene, no caso da proclamação de um dogma de fé, ou quando se pronuncia de modo definitivo sobre alguma doutrina, mesmo que de modo não solene, nossa adesão ao seu ensinamento deve ser não somente de respeito e acolhimento, mas de adesão total, confiando que no seu ensinamento é o próprio Cristo que, no Espírito Santo, recorda continuamente à Igreja tudo aquilo que tem relação com a verdade da nossa salvação.
Infelizmente, nesta época de contestação em que vivemos, procura-se apresentar a autoridade na Igreja como uma simples autoridade humana, estribada nos jogos de poder tão comuns nos vários âmbitos da vida.
Pensa-se num “Papa carismático” utilizando este adjetivo de modo totalmente mundano: carismático como engraçado, pop, comunicativo. No cristianismo, “carismático” é quem recebeu um “carisma” isto é, uma graça especial do Senhor. Todo Papa é carismático porque recebeu o carisma do ministério petrino! É um erro mundanizar e vulgarizar as coisas sagradas.
O Papa já é e será sempre respeitado pelos verdadeiros católicos com um respeito que nasce da fé.
Acompanhemos o Santo Padre com nossa oração. Que ele seja fiel a tremenda missão que o Senhor olhe confiou: ser o primeiro a guardar a reta fé católica, ser o primeiro a obedecer, para, então, confirmar os irmãos na fé e na caridade..