domingo, 20 de setembro de 2015

Príncipes da Igreja - Dom Henrique Soares

Príncipes da Igreja 
por Dom Henrique Soares (via Facebook)


Explicando

Alguns de vocês gostam de chamar os Bispos de "Príncipes da Igreja".
Os Bispos são mesmos "príncipes"?

O Papa, com muitíssima razão, pediu que os Bispos não tenham "psicologia de príncipes"!

Repito a pergunta: os Bispos são ou não são príncipes?

Resposta: Depende do modo como se toma esta palavra!
"Príncipe" no sentido da fé cristã, vem de "princípio", fonte da vida e do dinamismo de algo. Por exemplo: no dogma trinitário, o Pai é o Princípio da Vida divina, dada ao Filho e ao Espírito Santo.
Na Ordenação Episcopal, pede-se, na Oração Consecratória, que o que está sendo ordenado receba do Pai pelo Filho o "Spiritus Principalis" (Espírito Principal), que o nosso Pontifical brasileiro traduz por Espírito Soberano. Seria melhor ter deixado "Espírito Principal".
Que significa isto? Que o Bispo é o Princípio da vida ministerial da Igreja diocesana: dele procede a pregação da fé católica, ele é o moderador da liturgia e o "Sumo Sacerdote" que preside no lugar do Senhor, ele é o princípio organizador da vida e do ministério eclesial. Para isto recebeu o Espírito de Principalidade! É assim que Pedro é Príncipe dos Apóstolos: colocando-se a serviço deles, da comunhão do Colégio Apostólico.

Então, quando se diz que o Bispo é um Príncipe da Igreja, isto é teologicamente exato, totalmente conforme à Tradição mais antiga e sadia da Igreja. E o Bispo exerce tal principalidade sendo, na prática, gerador de comunhão no presbitério, no seio do seu rebanho, no diálogo com a sociedade. O seu ser "príncipe-princípio" é um serviço - e serviço que exige muito de despojamento, paciência, discernimento, humildade para servir.

Agora, o Bispo de modo algum é príncipe se se pensa nele como um monarca de corte, no sentido das cortes e reinos do mundo! O Bispo não é um governante mundano, não é primeiramente um administrador, não é um manda-chuva, não é um reizinho de uma imitação de corte secular!

Quanto aos paramentos litúrgicos, a sua beleza - que não deve ser fruto de esbanjamento econômico, vaidade pessoal ou frivolidade - não é um simples ornamento, não é um adereço nos critérios de um modelito das modas mundanas! Os paramentos são vestimentas sagradas, com forma e características estabelecidas pela disciplina litúrgica da Igreja.
Os paramentos não devem realçar o ministro sagrado nem depender da subjetividade desse, não são para a glória e afirmação do ministro. Eles têm um sentido exatamente oposto: os paramentos indicam que ali está o Cristo imolado e ressuscitado presidindo à Liturgia do Seu Corpo, que é a Igreja. A beleza, nobreza e discreto e sóbrio requinte deles recordam que quem preside à Liturgia é o Cordeiro em imolação gloriosa, o Cordeiro glorioso como está no Céu; não é o Jesus de Nazaré como Se encontrava na terra, em estado de humilhação! Isto não seria cristianismo, mas "jesuísmo"! O ministro desaparece: os paramentos não devem refletir a subjetividade, o gosto do ministro, mas a majestade do Cordeiro imolado e ressuscitado!

Quem é o Bispo que está celebrando? Não interessa o nome dele: é o Bispo Diocesano, que preside "no lugar de Deus", como dizia Santo Inácio de Antioquia.
Quem é o padre que celebra hoje? Resposta: um padre, ministro de Cristo, validamente ordenado para fazer as vezes do Cristo Pastor, Cabeça e Esposo da Igreja.

Esta é a consciência e a mentalidade católica correta! Nada descole, nada de Bispo ou padre brilhando no momento litúrgico. Ali devem brilhar os gestos, as palavras, a presença de um Outro: do Único que é nossa salvação é nossa Vida - Jesus, nosso Senhor!

Cresçamos na consciência católica mais genuína! Nunca percamos as raízes da nossa santa fé! Não abramos mão de um milímetro do que recebemos como dom do Espírito do Cristo ressuscitado!

Um bom Domingo a você, Amigo!

O Heresiarca Lutero

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