quarta-feira, 13 de maio de 2015

Miranda Prorsus: Sobre o Cinema, Rádio e Televisão




Vendo o advento e o amplo desenvolvimento das técnicas de comunicação (na época o Rádio, a Televisão e o Cinema), o Santo Padre, o Papa Pio XII escreveu uma prudente encíclica exortando aos fiéis sobre as possibilidades da nova técnica mas, também alertando sobre os riscos que elas traziam. O sábio Pio XII já previa que se tais mídias fossem usadas de forma errônea, poderiam elas “favorecer o abaixamento do nível cultural e moral das massas”.

Embora hoje o mal causado pela televisão tenha sido enorme (principalmente em nosso país) e os alertas de Pio XII tenham sido tratados com desdém, a leitura de tal documento ainda nos dá um importante norte, de como remediar tão graves efeitos.

Você pode encontrar o documento no site oficial do Vaticano

Seleciono logo abaixo alguns trechos que mais me chamaram atenção:

(...)


O mal moral, certamente, não pode provir de Deus, perfeição absoluta; nem das técnicas em si mesmas, que são dons preciosos Seus; mas só do homem, que, sendo dotado de liberdade, abusa dessas técnicas e difunde conscientemente o mal moral, colocando-se do lado do príncipe das trevas e constituindo-se inimigo de Deus: "Foi um homem inimigo que fez isto".

(...)

Conforme o que fica exposto, a verdadeira liberdade consiste no uso regrado da difusão daqueles valores que ajudam ao aperfeiçoamento do homem.


(...)

Só o interesse positivo e solidário pelas técnicas de difusão e seu devido uso, tanto por parte da Igreja como do Estado e da profissão, permitirá às próprias técnicas virem a tornar-se instrumentos construtivos de formação da personalidade, ao passo que, sendo deixadas sem vigilância ou direcção, só irão favorecer o abaixamento do nível cultural e moral das massas.

(...)

A três principais técnicas audivisivas de difusão – o cinema, a rádio e a televisão – não são pois simples meio de recreio e distracção (ainda que grande parte dos ouvintes e espectadores as consideram principalmente sob este aspecto) mas constituem verdadeira e própria transmissão de valores humanos sobretudo espirituais, e podem constituir portanto nova e eficaz forma de promover a cultura no seio da sociedade moderna.

(...) o cinema, a rádio e a televisão devem servir a verdade e o bem.

(...)

A missão de servir a verdade deve unir-se o esforço de contribuir para o aperfeiçoamento moral do homem. As técnicas audivisivas podem dar tal contribuição em três sectores importantes: informação, ensino e espectáculo.

(...)

Em especial ousamos esperar que as técnicas de difusão, -quer estejam nas mãos do Estado, quer se encontrem confiadas à iniciativa particular – não se venham nunca a tornar responsáveis dum ensino sem Deus.

(...)

Formar para assistir duma maneira consciente e não passiva aos espectáculos, fará diminuir os perigos morais, permitindo ao mesmo tempo ao cristão aproveitar de todos os conhecimentos novos do mundo para elevar o espírito até à meditação das grandes verdades de Deus.

(...)

Estamos, porém, convencido que o remédio mais radical para orientar eficazmente o cinema no sentido da altura do "filme ideal" é o aprofundamento da formação cristã de todos quantos tomam parte na criação de obras cinematográficas.

(...)

É coisa óptima que os fiéis aproveitem deste privilégio do nosso século, e gozem das riquezas da instrução, do divertimento, da arte e da própria palavra de Deus que a rádio pode trazer, para dilatar as suas consciências e os seus corações.

Todos sabem quão grande virtude educativa podem ter as boas transmissões; mas ao mesmo tempo, o uso da rádio importa responsabilidades, porque também ela, como as outras técnicas, pode ser empregue para o bem e para o mal. Pode-se aplicar à rádio a palavra da Escritura: "Nela bendizemos a Deus e ao Pai: e nela amaldiçoamos os homens, que foram feitos à imagem de Deus. Da mesma boca procede a bênção e a maldição"

(...)

Portanto, o primeiro dever do radiouvinte é a apurada escolha dos programas. A transmissão radiofónica não deve ser um intruso, mas um amigo que entra no lar, mediante convite consciente e livre. Ai daquele que não sabe escolher os amigos que introduz no santuário da família! As transmissões admitidas em nossa casa deverão ser apenas as portadoras de verdade e de bem, as que não distraem, antes ajudam os membros da família ao cumprimento dos próprios deveres pessoais e sociais, e as que, se se trata de jovens e crianças, longe de prejudicar, revigoram e prolongam a obra sãmente educativa dos pais e da escola.

(...)

Finalmente é dever dos radiouvintes apoiar as boas transmissões, e acima de tudo, as que levam Deus até aos corações humanos. Hoje, quando, através das ondas da rádio, se agitam violentamente doutrinas erróneas, quando, com interferências propositadas e ruídos perturbadores, se cria no éter uma sonora "cortina de ferro", com o fim de não permitir que por este meio penetre a verdade que poderia sacudir e abalar a tirania do materialismo ateu, quando milhões de homens esperam ainda pela alvorada da boa nova ou por mais vasta instrução acerca da própria fé, quando os doentes ou os impossibilitados por qualquer outro motivo esperam ansiosamente unir-se às orações da comunidade cristã e ao sacrifício de Cristo, como poderiam os fiéis, mas sobretudo os que conhecem as vantagens da rádio por experiência quotidiana, não mostrar-se generosos em favorecer semelhantes programas?

Considerando, no entanto, atentamente, as possibilidades que nos oferece a rádio para o apostolado, e impelidos pelo mandato do Divino Redentor "Indo por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura", [49] rogamo-vos, Veneráveis Irmãos, que aumenteis e aperfeiçoeis mais ainda, segundo as necessidades e possibilidades de cada lugar, as transmissões religiosas.

(...)

"Uma pequena porção de fermento corrompe toda a massa". [53] Se na vida física dos jovens um gérmen de infecção pode impedir o desenvolvimento normal do corpo; quanto mais, um elemento permanentemente negativo na educação poderá comprometer o equilíbrio espiritual e o desenvolvimento moral! E quem não sabe como, tantas vezes, a própria criança que resiste ao contágio de uma doença na rua, se mostra falta de resistência se a fonte do contágio se encontra na própria casa?

A santidade da família não pode ser objecto de compromissos, e a Igreja não se cansará, como é seu pleno direito e dever, de empenhar todas as forças para que este santuário não venha a ser profanado pelo mau uso da televisão.

(...)

Será, portanto, "mais que necessário e urgente – como escrevemos aos Bispos da Itália – formar nos fiéis uma consciência recta dos deveres cristãos acerca do uso da televisão", [54] para que esta não sirva nunca para difundir o erro e o mal, mas se torne "instrumento de informação, de formação e de transformação.
_______________________________________________________________________
Referências: Papa Pio XII. Miranda Prorsus: Sobre o Cinema, Rádio e Televisão, 1957;

O Heresiarca Lutero

Blood Money