segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Católicos Sionistas? - Christopher A. Ferrara



Católicos Sionistas?

Por Christopher A. Ferrara 
Traduzido por Andrea Patrícia publicada em Borboletas ao Luar na data de 27/07/13

(...)

Ouça os Rabinos

Mas o que é o Sionismo em si, senão uma fantasia infantil - uma fantasia nascida da nasceu da rebelião daquelas crianças que Nosso Senhor desejava colocar sob suas asas, mas elas não quiseram. A fantasia de que os judeus podem estabelecer um reino terreno em um pedaço de terra tomado à força de seus semelhantes é vista como uma rebelião contra a autoridade divina, mesmo pelos judeus ortodoxos em sua leitura do Antigo Testamento. É por isso que algumas das mais fortes oposições ao Sionismo, desde o século XIX até os dias atuais, vêm da liderança rabínica ortodoxa.

Considere, por exemplo, um discurso feito pelo Rabino Yisroel Dovid Weiss na United Association for Studies and Research(UASR), editores do Middle East Affairs Journal, em 14 de março de 2002. O Rabino Weiss fez uma crítica teológica da Agenda sionista que é surpreendentemente consistente com a visão católica tradicional do povo judeu e do Livro do Apocalipse, mesmo se falha em perceber que o exílio dos judeus foi resultado especificamente da sua rejeição ao seu próprio Messias. As observações notáveis ​​do rabino (que refletem um segmento substancial da opinião judaica ortodoxa) merecem ser citadas:

Através de muitos dos livros proféticos do Antigo Testamento os judeus foram avisados ​​de que uma rebelião séria contra a Vontade de Deus resultaria na mais severa das punições. Desenfreada, ela poderia levar à ruína do Templo Sagrado de Jerusalém e ao exílio da totalidade da nação judaica.

E é aqui, meus amigos, nessas profecias do Antigo Testamento, que a disputa entre o Judaísmo e o Sionismo começa. 

Finalmente os horrores preditos pelos profetas vieram a acontecer. Os judeus foram exilados da Terra. O primeiro exílio, também conhecido como o cativeiro da Babilônia, durou apenas 70 anos. Por uma série de acontecimentos milagrosos as pessoas retornaram para a terra. Esta segunda entrada na terra levou à reconstrução do Templo. O Segundo Templo se manteve cerca de 2.500 anos até 1.900 anos atrás, então ele também foi destruído. Desta vez, o motivo foi mais uma vez o retrocesso das pessoas que estavam, como sempre, obrigadas a um padrão Divino muito exigente...

O exílio não seria para sempre. Haveria anos de dispersão, muitos deles sofridos sob perseguição. No entanto, havia a promessa de que o povo ainda voltaria a terra. Mas esse retorno não era para estar sob o controle humano. Ele seria anunciado pelo advento de Elias, o Profeta e acompanhado de muitos milagres. E, desta vez, a redenção não seria apenas para o povo judeu, mas sim para todos os homens...

…Assim, na queima do Segundo Templo, os judeus foram enviados para um exílio que se estende até hoje. Por dois mil anos, os judeus têm orado pelo o fim de seu exílio e a consequente redenção do mundo inteiro...

Sugerir que se possa usar meios políticos ou militares para escapar do decreto do Criador era algo visto como uma heresia, como uma negação da administração Divina sobre o pecado e o perdão. Nenhum judeu em lugar algum sugeriu - e isso entre as pessoas que estudaram os seus textos sagrados constantemente e escreveram sobre eles volumosamente – que o exílio poderia ter fim por meios humanos.

Foi somente no final do século XIX, entre judeus muito afastados de sua fé, que se começou a levar adiante a noção de que o exílio era o resultado de fraqueza judaica. Theodore Herzl e um punhado de outros, todos ignorantes ou não-observantes da Torá, começaram a colocar em movimento o processo que pelo fim do próximo século produziria um sofrimento incalculável para judeus e palestinos. 

O Rabino Weiss vai em frente observando que: “O próprio conceito de Sionismo era uma refutação a crença tradicional da Torá no exílio como punição e a redenção como dependente de penitência e intervenção Divina.” O rabino então proferiu uma conclusão que deveria ser óbvia para qualquer um que chame a si mesmo de católico tradicional: “Amigos, não haverá paz no Oriente Médio, até que não haja mais o estado de Israel. A Torá não pode ser violada. Nossa tarefa no exílio não pode ser cumprida ao tentar acabar com o exílio através de agitações humanas. Nem as nossas esperanças de redenção podem ser realizadas no Estado de Israel”.

A solução do Rabino para a crise no Oriente Médio é, portanto, exatamente aquela que George Bush acaba de renunciar para o prazer do sionista Ariel Sharon e seu Partido Likud sionista: 

“A solução verdadeira da Torá, a chave para a paz, é o retorno imediato dos palestinos à Palestina em sua totalidade, incluindo o Monte do Templo e Jerusalém. Isso, é claro, inclui o pleno direito de retorno de todos os refugiados palestinos. Isso é o que exige a justiça elementar. Este é o caminho da Torá e do bom senso...” 

Que seja a vontade do Criador que o estado de Israel seja pacificamente desmontado rapidamente em nossos dias, que judeus e palestinos vivam ainda em paz uns com os outros ao redor do mundo e na Terra Santa, e que brevemente em nossos dias, toda a humanidade possa merecer o advento de redenção divina, onde o Reino de Deus será aceito. 

Nenhum católico tradicional tem qualquer desculpa para rejeitar "a solução da Torá" para a crise no Oriente Médio e a ameaça do terrorismo árabe. Os católicos, guiados pela luz do Evangelho, dificilmente podem ser mais inclinados do que mesmo os judeus ortodoxos a tolerar a influência maligna de um "Estado judeu" fora da lei cuja existência é, obviamente, a principal provocação para o terrorismo árabe em todo o mundo.

Algum Tradicionalista pode ainda defender este desastre?

E ainda um dos tradicionalistas mais inteligentes e comprometidos que conheço persiste em defender a guerra no Oriente Médio, como a resposta ao terrorismo, mesmo ele reconhecendo que é a política externa americana pró-sionista que cria os nossos inimigos árabes. Como a nossa política israelense não pode ser mudada, ele argumenta que “a única alternativa é ir atrás dos inimigos que criamos por causa da nossa política israelense – proteger nossos cidadãos o melhor que pudermos.” Ou seja, devemos permitir que a cauda sionista abane o cão americano, não importa o que isso custe à nossa nação em sangue e riqueza.

Com todo o devido respeito, é impossível ver como isso poderia ser uma posição católica aceitável. Se até mesmo os judeus ortodoxos reconhecem que a própria existência de um "Estado judeu" ofende a Deus Todo-Poderoso e é a causa raiz do terrorismo árabe, como pode católicos tradicionais continuar a apoiar um plano de guerra no Oriente Médio, que é claramente a prática dos americanos sionistas Likudniks? Por que é que os tradicionalistas que, sem hesitação, denunciam projetos sionistas em qualquer outro lugar em que aparecem na história, simplesmente jogam suas mãos para cima quando confrontados com as influências sionistas sobre a política externa norte-americana que eram a condição sine qua non da guerra insana em que esta nação está agora envolvida?

Estas são as perguntas que devem ser respondidas pelos poucos remanescentes tradicionalistas defensores da insensatez monumental de George Bush nos desertos do Iraque.

O Heresiarca Lutero

Blood Money