domingo, 6 de dezembro de 2015

Dois Soldados


Foi na Primeira Grande Guerra de 1914-1918.

Um soldado francés narra o seguinte fato:

“Nunca me esquecerei de um episódio, que eu mesmo presenciei. Atacamos á tarde; depois de algumas oscilares, pene­tramos na trincheira inimiga, onde jaziam cadáveres horrenda­mente massacrados pelos canhões.

No momento do novo ataque, urna metralhadora inimiga ca­muflada abateu alguns dos nossos; eu fui um deles. Passados os primeiros instantes de terrível impressáo pelo ferimento recebido, olhei ao redor. Dois soldados jaziam por terra agonizan­tes: um alemão, bávaro, louro e muito moço, com o ventre di­lacerado, e ao lado dele um francês, igualmente jovem. Ambos manifestavam já a palidez da morte; a minha maior dor era de não poder mover-me para socorrer ou ao menos suavizar a morte do meu camarada.

Foi quando o francês, com supremo esforço, procurou com a mão alguma coisa que estava sobre o peito, debaixo do capote. E tirou um pequeno crucifixo que levou aos lábios; depois, com voz fraca, mas ainda clara, rezou: Ave, María …

Vi então outra coisa. O alemão, que até aquele momento não dera sinal de vida, abriu os olhos azuis e meio apagados, virou a cabeça para o francês e respondeu: Santa Maria Mãe de Deus …

O francês, um tanto surpreendido, olhou para o seu vizinho; seus olhares encontraram-se; o francês apresentou o crucifixo ao bávaro, que o beijou; apertaram-se as mãos num frêmito de amor a Deus e à pátria; seus olhos fecharam-se, e o espírito desprendeu-se do corpo, enquanto o sol os iluminava através de pur­púreas nuvens…

Amém, disse, e fiz o sinal da cruz”.


- Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves

O Heresiarca Lutero

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