terça-feira, 3 de novembro de 2015

Gabriel Garcia Moreno - Felipe Lutosa

Gabriel García Moreno, verdadeiro herói da Fé e mártir da civilização católica, foi presidente do Equador por duas vezes (1859-1865 e 1869-1875), quando foi assassinado a mando de maçons, no período em que se preparava para assumir o seu terceiro mandato.

Católico fervoroso, era muito estimado pelo Papa Pio IX, como atesta J. M. Villefranche em sua biografia do Papa (J. M. Villefranche, Pio IX, Edições Panorama, São Paulo, 1948): ''Pio IX chorou D. García Moreno como vinte e sete anos antes tinha chorado o conde Rossi. Em muitas das suas alocuções elogiou o presidente do Equador, como o campeão da verdadeira civilização, e seu mártir. Mandou-lhe fazer exéquias solenes numa das basílicas de Roma, dispondo e ordenando que seu busto fosse colocado em uma das galerias do Vaticano''.

García Moreno presidiu aquele gênero de República que Deus abençoa e a Igreja aprova. Que reconhece o Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo; em que o Estado mantém-se unido à Igreja, professa oficialmente a Religião e auxilia a Igreja na sua missão de salvar as almas; em que o ordenamento jurídico e as instituições são inspirados pelo respeito à lei natural, pelo Evangelho e pelos ensinamentos do Magistério da Igreja.

Sob o governo de García Moreno, o Equador prosperou prodigiosamente. Ele quitou a dívida pública do país, expandiu e aperfeiçoou a educação secundária e superior, desenvolveu a infraestrutura espalhando estradas de ferro pelo território nacional, impulsionou o comércio, estimulou e apoiou a criação de instituições de assistência aos pobres: hospitais, asilos, orfanatos, etc.

J. M. Villefranche destaca o final de um discurso proferido por García Moreno, na ocasião da abertura das câmaras legislativas, em que o grande estadista deixa claro o quanto a prosperidade e integridade da religião católica, e a submissão do Estado à Igreja de Cristo, constituíam os alicerces do verdadeiro progresso de sua pátria:

''Mas nossos rápidos progressos não nos serviriam de coisa alguma se a República não progredisse em moralidade à medida que aumentava em opulência, se os costumes se não reformassem pela ação livre e poderosíssima da Igreja Católica.

Nós ainda havemos de colher frutos mais abundantes, quando os obreiros apostólicos forem mais numerosos, e quando não faltarem em paróquias populosas sacerdotes para as administrar. Devemos portanto coadjuvar, quanto nos seja possível, nossos veneráveis bispos.

As missões orientais reclamam também vossa generosa proteção. A verdadeira civilização, a civilização da Cruz, tem penetrado admiravelmente as margens do Napo, graças aos missionários que para aqui se têm transportado com a aprovação do governo; e as escolas, devidas ao zelo dos infatigáveis filhos da Companhia de Jesus, preparam para territórios riquíssimos, mas incultos, dias esplêndidos de opulência e prosperidade. Tenho a firme convicção de que em breve há de aumentar muito o número de missionários.

O estado de nossas finanças permite-nos que satisfaçamos liberalmente o dever que nos impõe a concordata, de animar e facilitar as missões, assim como a obrigação de contribuir para as reparações e restaurações dos templos arruinados pelos tremores de terra.

Não é menos imperioso o dever que incumbe de socorrer Nosso Santo Padre, o Papa, agora que ele se acha despojado de seus domínios e rendimentos. Podeis destinar-lhe dez por cento sobre a décima parte concedida ao Estado. A oferta será modesta, mas provará pelo menos que somos filhos leais e afeiçoados ao Pai comum dos fiéis, e assim o continuaremos enquanto continuar o triunfo efêmero da usurpação italiana.

Pois, já que temos a felicidade de ser católicos, sejamo-lo em nossa vida privada, em nossa existência política, e confirmemos a sinceridade de nossos sentimentos e palavras pelo público testemunho de nossas obras.

E, não contente ainda em realizar tudo quanto acabo de indicar, devemos riscar também dos nossos Códigos até aos últimos vestígios de hostilidade contra a Igreja, porque aí se exibem certas disposições das antigas e opressoras regalias espanholas. Tolerá-los seria de hoje em diante uma vergonhosa contradição e uma miserável falsidade.

Igual procedimento deveria ser em todo o tempo o de um povo católico; mas hoje, nesta época da implacável e universal guerra contra nossa santa religião, hoje os apóstatas chegam até a renegar em suas blasfêmias a divindade de Jesus, nosso Deus e nosso Salvador; hoje, quando tudo se reúne, tudo se revolta contra Deus e seu Ungido, quando uma torrente de malvadez e de ódio rebenta das profundezas da sociedade abalada, contra a Igreja e contra a própria sociedade, como nas terríveis comoções do globo terrestre surgem dos abismos desconhecidos rios caudalosos de um lodo corrupto, hoje, repito, este procedimento coerente, resoluto e corajoso é para nós obrigatório, porque a inação durante o combate seria o mesmo que uma traição e uma covardia.

Continuemos portanto nossa obra com invencível fidelidade, como convém a verdadeiros católicos, sem ater nossa esperança a nossas débeis forças, mas sim na poderosíssima proteção do Altíssimo. Felizes, mil vezes felizes, se o Céu nos conceder a recompensa de continuar a cumular a nossa querida pátria de suas bênçãos, e feliz também de mim, se chego a merecer o ódio, as calúnias, e os insultos dos inimigos de nosso Deus e de nossa religião!''

Antes do dia marcado para assumir o seu terceiro mandato como presidente, escreveu o seguinte ao Papa Pio IX:

''Eu desejo receber vossa benção antes daquele dia, para que tenha a força e a luz de que tanto preciso para conseguir até o fim ser um fiel filho de Nosso Redentor, e um leal e obediente servo de Seu Infalível Vigário. Agora, quando as Lojas Maçônicas dos países vizinhos, instigadas pelos alemães, estão vomitando contra mim toda sorte de insultos atrozes e horríveis calúnias, agora quando estão secretamente planejando meu assassinato, eu tenho mais do que nunca a necessidade da proteção divina para que possa viver e morrer em defesa de nossa Santa Religião e da amada República que uma vez mais sou chamado a governar.''

O grande servo de Deus foi assassinado a tiros. Suas últimas palavras foram: ''Eu morro, mas Deus não morre''. No seu paletó, carregava uma cópia de ''Imitação de Cristo'', de Tomás de Kempis.

O legado de García Moreno também foi reconhecido pelo parlamento de seu país, que, após a sua morte, conforme nos mostra o mesmo J. M. Villefranche, estabeleceu:

''Considerando que Sua Excelência o doutor García Moreno, por sua distinta inteligência, vastíssima ciência e nobres virtudes, está acima entre os mais ilustres filhos do Equador; que consagrou sua vida e as raras e elevadíssimas faculdades de seu espírito e de seu coração à regeneração e grandeza da República, estabelecendo instituições sociais sobre a sólida base dos princípios católicos; que amou a religião e a pátria a ponto de padecer por elas o martírio; que dotou a nação de imensos e inegáveis benefícios materiais e religiosos:

Decretamos:

Artigo I — O Equador, por intermédio de seus legisladores, glorifica a memória de D. Gabriel García Moreno, com denominação de ilustre regenerador da pátria, e mártir da civilização católica. 
Artigo II — Para a conservação de seus restos mortais será construído um mausoléu digno dele. 
Artigo III — Mandar-se-á erigir-lhe uma estátua em mármore ou em bronze com esta inscrição: Ao excelentíssimo D. Gabriel García Moreno, presidente da República do Equador, morto pela pátria e pela religião a 6 de agosto de 1875.

Quito, capital do Equador, 30 de agosto de 1875.''

O Heresiarca Lutero

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