terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Comentário sobre o filme "Exorcistas do Vaticano" (2015)

“Angela Holmes (Olivia Taylor Dudley), de 27 anos, acidentalmente corta seu dedo e vai parar na emergência, quando a infecção do ferimento faz com que ela comece a agir de forma estranha e assombrosamente começa a causar ferimentos graves e até mortes nas pessoas ao seu redor. O Padre Lozano (Michael Peña) examina a moça e acredita que ela está possuída. Ao tentar exorcisar o demônio, o Vaticano descobre que a força satânica em Angela é mais forte do que eles imaginavam.”
Naturalmente que, em uma sociedade materialista, temas espirituais como a realidade da possessão demoníaca vão – tal como um cachorro de Pavlov pode babar de fome pelo som de um sino, mesmo sem a presença do alimento – automaticamente para o inefável mundo da “superstição”.

E o filme contribui para que este tipo de quadro perdure. A um católico, o filme nada acrescenta, na realidade tem potência para deformar; a um pagão moderno, frequentemente e principalmente alimentado de subcultura pop ou geek, fica a mensagem de ser um outro filme de terror, e não dos melhores.

Primeiramente, o filme incute a idéia de que os exorcistas seriam uma ordem secreta, operada centralmente do Vaticano, de modo análoga a uma polícia secreta.

A personagem principal é uma pagã, que vive de modo amasiado com seu namoradinho cético (daqueles supercarinhosos e dispostos a tudo pela amada), um pouco ressentida pela ausência de seu pai que, por causa de seu emprego, passa muito tempo em viagem. Em seu aniversário, contudo, ele faz uma surpresa e aparece para passar dias com a filha.

O pai é um católico irlandês, o que quer dizer que seria um católico sério, que não vai com a cara do namorado. O filme transmite que essa má vontade com o pagãozinho é menos por birra paterna do que por “valores ultrapassados”.

Se o núcleo afetivo do filme – filha, pai, namoradinho – já é do início até o final fraco, sem sal, o que dirá então sobre o desenvolvimento da história e o mau suspense que a trama tenta aplicar.

A garota é possuída e coisas estranhas passam a ocorrer no hospital e, posteriormente, na ala psiquiátrica. Pelos acontecimentos macabros, induz-se a pensar que o mal possui um poder hipnótico e irresistível.

Disse anteriormente tratar-se de ser um mau suspense porque o que deveria ter de mais interessante e misterioso no filme é, na realidade, uma mensagem ambígua. Simbologias vão aparecendo, simbologias que permeiam os símbolos e acontecimentos cristãos. No fim, isso pode significar tanto que o demônio satiriza o bem (e isso é uma realidade de fato), quanto pode ser entendido que o demônio é uma força de sinal oposta ao bem.

Para não ficar apenas nas críticas ruins, cito que de aspecto positivo há o fato do padre usar batina e dos cardiais exorcistas que aparecem no filme terem um aspecto destemido e viril.

O filme termina em aberto, alertando na capacidade que o mal possui de se passar pelo bem.

Para não dizer que não recomendo, e de fato eu não gostei do filme, resta informar que é um filme curto, pouco menos de uma hora e meia. Se quiser assistir, não se perderá muito tempo.

Recomendações sérias sobre o assunto:
Para quem tem interesse em buscar informação sobre exorcismo recomendamos os livros do Pe. Gabriele Amorth, em especial:

– Memórias de um Exorcista
– O Último Exorcista

Um bom começo é o vídeo abaixo do Pe. Padre Duarte Sousa Lara:


- Augusto Pola Jr. 
 *Texto originalmente publicado no Instituto Shibumi em 14 de Dezembro de 2015

O Heresiarca Lutero

Blood Money