Recentemente tem havido, com razão, um alvoroço nas redes devido aos tons irenistas e relativistas dados a tradicional oração das Kalendas de Natal em publicação da Paulus. Referências as religiões pagãs foram incorporadas na oração tais como “a cidade dos deuses” e “Buda, o iluminado”.
A oração escandalizou tanto leigos como clérigos, e rendeu até reprimenda pública do Bispo de Palmares, Dom Henrique Soares:
Lamentável que a Liturgia no Brasil continue sendo sequestrada por "liturgistas" que se acham no direito de inventar pantomimas que nada têm a ver com o rito romano e a liturgia no seu sentido autêntico!
O folheto O Domingo traz um aberrante anúncio de Natal, que mete arbitrariamente elementos estranhos ao texto original... Elementos de elaboração teológica discutível...
O livreto das Edições da CNBB propõe arbitrariamente para a Missa da Noite do Natal que esteja na igreja o Círio Pascal!
Nada disso é legítimo! É invenção! O Povo de Deus não precisa dessas arbitrariedades para bem celebrar o Mistério!
Este pessoal tem que compreender que não cabe a qualquer um inventar modinhas litúrgicas!
Lamentável!
Depois se reclama das reações exageradas do lado oposto...
(...)
Aos Amigos que frequentam este espaço, explico o por que a alteração no texto das kalendas não pode ser aceita.
Primeiro, por um motivo bem simples: não compete a nenhum pretenso liturgista ou teólogo alterar arbitrariamente os textos litúrgicos da Igreja. Nas celebrações litúrgicas os textos utilizados devem ser aprovados por quem de direito: a Sé Apostólica e, em certos casos, o Bispo diocesano. Liturgista, verdadeiro ou pretenso, não é moderador da Liturgia da Igreja! Um especialista em Liturgia que se arrogasse este direito mostraria que não compreendeu sua função na Igreja. Muitas vezes o Magistério já tratou deste problema mas, por triste ideologia, muitos ignoram a constante exortação da Igreja! É enorme a lista de abusos e absurdos cometidos em nome das ideias mais imprecisas e extravagantes imagináveis!
Nunca esqueçamos: a Liturgia pertence a todo o Povo de Deus, é oração da Igreja e ninguém tem o direito de impor sua visão e seu gosto à lex orandi, ao modo de rezar da Assembleia que se reúne como Igreja para a oração litúrgica!
Em segundo lugar, olhando com cuidado o texto das kalendas do Natal do Senhor, pode-se observar ali os dados da cultura judaica e da cultura clássica ocidental, greco-latina:
- aparece a referência às olimpíadas da Grécia Antiga,
- a concepção cristã antiga agostiniana da história universal repartida em seis idades do mundo: (1) de Adão a Noé; (2) de Noé a Abraão; (3) de Abraão a Davi; (4) de Davi ao Exílio da Babilônia; (5) do Exílio ao Advento de Jesus Cristo; (6) da Natividade de Nosso Senhor em diante.
- a referência à concepção clássica da Pax Romana, a Paz de Augusto, Imperador da época do nascimento do Senhor: período de 28 aC a 180 dC, dois séculos de relativa paz interna no Império. Segundo opinião geral dos antigos autores cristãos, este longo período de paz bélica foi obra da Providência divina, pois facilitou em muito a difusão do cristianismo.
É importante ter presente que no nascimento e estruturação do cristianismo, as duas culturas citadas nas kalendas, cultura judaica e greco-latina, tiveram uma importância fundamental; e os cristãos sempre consideraram também isto uma obra da Providência de Deus. Se no texto autêntico aparecem somente estas duas expressões culturais é porque foram elas que diretamente contribuíram para o nascimento do cristianismo.
Por outro lado, é verdade que nas demais culturas há elementos louváveis, ação do Espírito do Cristo Jesus; esses elementos são uma preparação para o Evangelho. Mas, todas as culturas têm também tremendas marcas de pecado e necessitam da purificação evangélica. Nenhuma cultura é absoluta!
Note-se: De modo algum é heresia o que foi acrescentado indevidamente às kalendas; mas, além de uma usurpação indevida de um texto da Igreja, é arbitrário e inconveniente: as culturas ali citadas são evocadas em elementos religiosos e em tom de louvação cultural! Pode observar que o texto original é muito mais sóbrio e prudente: faz somente referências históricas à cultura clássica, sem avaliações morais ou religiosas!
Na verdade, no texto adulterado há uma tendência acrítica de ver nessas culturas pagãs uma revelação de Deus. E isto está errado! Revelação em sentido técnico, estrito, deve ser reservado somente para a revelação no contexto bíblico da história sagrada. Existe, nessas kalendas adulteradas, uma confusão entre história da salvação e história da revelação que leva, inapelavelmente, ao relativismo religioso!
Não se pode, do ponto de vista teológico, exaltar na Liturgia a cidade dos deuses dos índios das Américas nem aclamar o Buda, o Iluminado! Nada disto pode ser tomado teologicamente como revelação divina! O Concílio Vaticano II e o Magistério perene da Igreja jamais ensinaram isto!
Todas estas religiões, no que têm de bom, preparam para o Cristo (praeparatio evangelica)! Só o Cristo Jesus é o Salvador, só Ele é a plenitude da Salvação; e o que qualquer realidade humana, qualquer religião tenha de salvífico é somente porque prepara para Ele e somente naquilo que prepara para Ele e a Ele se refere!
Uma terceira observação: Se é verdade que tudo quanto de bom e louvável existente na humanidade em qualquer cultura ou época histórica é obra do Espírito do Cristo Jesus e conduz a Cristo Jesus (semina Verbi), também é preciso deixar claro que somente Jesus é o Verbo, a segunda Pessoa divina da Santa Trindade que veio pessoalmente a nós, unindo-Se hipostaticamente (de modo real e pessoal) à nossa humanidade!
O cristianismo não é uma religião entre outras nem uma religião como as outras! Respeitando profundamente todas as tradições religiosas naquilo que elas têm de bom, verdadeiro e belo, os cristãos apontam para Jesus nosso Senhor como único Caminho, Verdade e Vida da humanidade. O caminho e critério da humanidade não é alguma cultura ou alguma religião e, muito menos, uma sopa de religiões; o Caminho e o Critério é Jesus nosso Senhor! E é triste que dois mil anos depois muitos cristãos tenham perdido esta certeza e este fundamento!
Infelizmente, o horizonte das adulterações das kalendas não é este, da singularidade absoluta de Cristo, mas sim o de um falso e deturpado pluralismo religioso que considera todas as religiões verdadeiras (e falsas) do mesmo modo. Com toda a franqueza: se isto fosse verdade, seria melhor deixar pra lá nossa fé e cuidar de outra vida! Sugiro a leitura da Declaração Dominus Iesus, do ano 2000, que tanta crítica e ira despertou em tantos na Igreja, tão somente porque recordou a verdade pura, simples e cristalina da Escritura, dos Apóstolos, dos Padres da Igreja, do Concílio Vaticano II retamente interpretado e da fé perene do Povo de Deus...
Uma última coisa, muito importante: Estas explicações não são para polêmicas nem reações enraivecidas e pouco cristãs. São para informar e formar o Povo de Deus na reta fé católica!
Às vezes, os comentários feitos por alguns caros Amigos extrapolam seja a lógica, seja a caridade em Cristo! Cuidado! Cuidemos! A verdade não se impõe no grito nem na grosseria, mas na firmeza suave e na caridade forte!
Não aconteça que para defender o Evangelho se traia o Evangelho!
Paz! Feliz Natal a todos!
Que o Deus nascido da Virgem tenha piedade de nós pela Sua santa e salvífica Vinda!
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Em resposta a alguns dos numerosos questionamentos a editora declarou:
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Resposta da Paulus ao Pe. Nildo Leal mais a contra argumentação do padre. |
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Resposta da Paulus ao Pe. Augusto Bezerra. |
E quem seria o autor de tão escandalosa alteração? Segundo informações do pessoal do Veritatis Catholicus este senhor, o Monge Marcelo Barros:
O MONGE QUE INCORPOROU O CANDOMBLÉ
Marcelo Barros é monge Beneditino,"Teólogo biblista" e liturgista, foi o autor de alterações na Kalendas do Natal publicada no livreto Liturgia Diária da editora Paulus
O referido monge tem uma discutível opinião sobre ecumenismo e ação inter-religiosa.tanto que já até prefaciou um livro espírita, Em entrevista ao MUR conta que incorporou à sua espiritualidade católica elementos do Candomblé. "O encontro com as religiões afro foi muito importante: elas são cheias de cores, de símbolos. Eu reincorporei muitos desses elementos na minha espiritualidade pessoal. Coisas simples, como usar branco na sexta-feira, até a integração da contemplação da natureza no diálogo com Deus".
Indagado sobre o que precisa ser mudado nas religiões, o monge afirma que o patriarcalismo, a exceção das religiões afro, pois, "o sacerdócio feminino [acontece] na maioria dos casos". Ainda mesma entrevista o monge heterodoxo se disse a favor do uso de camisinhas por parte de católicos. Ele mesmo explica: "Dizem que um bispo proibiu a Rede Vida, televisão católica, de me convidar para ser entrevistado num programa por eu ser contra a campanha contra o uso da camisinha. Não posso ser cúmplice de uma injustiça profunda, que atinge a pessoa no nível da consciência. Tocando na sua consciência, atinjo o que há de mais sagrado. Jesus não veio para condenar as pessoas, mas para dar alegria; não veio para angustiar, mas para libertar. Acho que o papa tem todo o direito de ter a moral que quiser ter, mas vamos discutir as opiniões. Não é justo dizer "quem não pensar como eu não é católico".
Marcelo Barros é autor de uma dezena de livros entre eles romances como a Secreta Magia, impublicáveis em editoras católicas. As palavras são do monge: "Uma livraria católica, que aceitou vender alguns exemplares de A secreta magia, nem chegou a colocá-los à venda depois que a madre leu certos trechos do romance. Ela depois devolveu o pacote dizendo que se tratava de "livros pornográficos".
Rezemos pela Igreja.
E peço aos homens de boa vontade que entrem em contato com a Paulus protestando contra tais desvarios, e pedindo por uma troca em sua equipe litúrgica.